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A TRIPLA REVIRAVOLTA: DESISTIR NUNCA FOI UMA OPÇÃO


Com vocês já sabem, eu sou um dos embaixadores da Brasil Cycle Fair 2017, e por conta disso, o pessoal responsável pela comunicação da feira fez uma entrevista incrível comigo para contar um pouco de como foi a minha entrada nesse mundo do esporte.

Então sente-se, pegue um suco ou uma água, por que lá vem história!...rs

Espero que gostem!

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O jeito de falar não disfarça o sotaque interiorano de Ramon Costa, triatleta amador, natural de São José dos Campos, São Paulo. Aos 42 anos, ele conta sua história de superação com o esporte, mudança de vida e aprendizado com os próprios erros que o ajudaram a chegar em uma de suas melhores fases da vida. Conheça um pouco mais da história de um dos embaixadores da Brasil Cycle Fair.

Briga com a balança e alto colesterol: o início no esporte

Desde cedo, Ramon era envolvido com esporte. Na época da escola, praticava basquete, natação, bike, skate e trilhas. Já na vida adulta, uma outra paixão fez com que o paulista mudasse completamente sua vida e se dedicasse, de corpo e alma, ao esporte: o marketing. Mas até este encontro e reconhecimento pessoal, o trajeto não foi fácil.

Após ser transferido para Minas Gerais por conta do trabalho, em 2003, a rotina acelerada do futuro atleta e as maravilhas da comida típica mineira afetaram seu peso, saúde e autoestima. Certo de que precisava voltar a se exercitar e diminuir o alto índice de colesterol, Ramon buscou uma academia local, mas os exercícios sempre acabavam em happy hour. A próxima tentativa foi a caminhada com a esposa para compensar as escapadas.

Antes e depois do esporte

Seis anos depois de muito trabalho e idas e vindas, o paulista resolveu apostar em uma nova oportunidade e voltou à sua terra natal, São José dos Campos, para abrir uma agência de publicidade. Mas as caminhadas diárias continuaram na rotina do casal. Foi neste período também que Ramon descobriu que uma prova de corrida seria realizada em sua cidade. Por impulso ou artimanha do destino, ele decidiu participar de sua primeira prova. “Fiz a inscrição para mim e para minha mulher, em segredo, e ela brigou muito comigo porque nunca tínhamos corrido. De qualquer maneira, fomos participar da corrida e vimos como não tínhamos preparação nenhuma para isso, todo mundo nos passou, até idosos”, relembra.

A competição de rua era formada em 3 etapas. Para superar o desastroso resultado da primeira, o casal decidiu investir em uma assessoria esportiva para completar as próximas provas. “Independentemente da velocidade, queríamos começar correndo e terminar correndo os 5km. Começamos com treinos básicos e depois partimos para os mais longos”, completa. E a ajuda profissional surtiu efeito, o desempenho deles foi muito superior nas últimas duas etapas. Foi então que o espírito do esporte entrou de vez para a vida do casal, que começou a participar de diversas provas, até as que mesclavam corrida com bicicleta (Duathlon). O ciclo de amigos também mudou, pois, a rotina do casal passou a ser muito mais ativa e saudável.

As surpresas do destino

O caminho de Ramon deu a grande reviravolta em 2012, quando ele foi assistir seu cunhado disputar a prova IronMan, em Florianópolis, Santa Catarina. Despretensioso, com bom pressentimento e um empurrãozinho do destino, o casal saiu de São José dos Campos e percorreu mais de 700km de carro. Mesmo com poucas horas de sono após chegar ao destino, Ramon não desanimou e acordou às quatro da madrugada para prestigiar o irmão de sua mulher. E então veio a largada e a grande surpresa.

O clima da prova é indescritível, a gente vê crianças torcendo pelos pais, triatletas pagando promessas, e outros superando seus limites. Meu cunhado já havia nadado os 3.8km, pedalado 180km e não estava mais conseguindo continuar na etapa de maratona, que são mais 42km. Logo no início da corrida ele começou a caminhar e balançar a cabeça, exausto. Foi então que eu troquei de roupa e fui ajudá-lo, mesmo sem nunca ter corrido uma distância dessa. Completamos a prova juntos e eu decidi que queria viver essa experiência também, foi quando decidi fazer o meu primeiro IronMan”, conta.

Apesar da animação, nem todo mundo achou uma boa ideia. Ramon nunca havia competido uma prova tão longa, ainda não tinha bicicleta e também não nadava há muitos anos. Mesmo com todos os pontos contra, o futuro triatleta não desistiu, montou um projeto de patrocínio e recebeu ajuda algumas marcas e amigos para conseguir dinheiro para fazer a tão concorrida e cara inscrição, que na época custou mais de US$800. O esforço e a operação montada em três diferentes computadores deram certo. Naquele ano as vagas foram preenchidas em apenas sete minutos.

Com a inscrição em mãos, Ramon foi em busca de uma bicicleta para competir. “Optei por uma usada de um vendedor lá no Nordeste, porém quando a recebi e levei no mecânico, ela estava com diversos defeitos e enferrujada. O jeito foi investir para arrumar”, lembra. Após a manutenção em dia, começaram os treinos que intercalavam com o trabalho, horas de almoço e de sono.

As dificuldades não paravam por aí, mas o atleta foi superando uma a uma com muita garra. Como não tinha acesso a piscinas olímpicas, Ramon utilizava um elástico para treinar na pequena piscina do seu prédio, fazendo o treino estático. “Comprei até um MP3 à prova d’água, porque nos fins de semana eu nadava por duas horas. Mas foi bom porque eu treinei meu psicológico também, não é fácil ficar duas horas nadando parado. Mas nas outras modalidades eu não treinava com fone, porque no IronMan não pode competir ouvindo música, já que a gente compartilha a estrada com carros e precisa ouvir os fiscais da prova”, explica.

A prova seria realizada em maio, mas em novembro veio um grande baque e

Ramon precisou mostrar mais uma vez sua força de vontade e determinação: fratura na canela ocasionada por stress e a recomendação médica para ficar três meses sem atividades físicas. Com a aproximação da prova, inquieto, Ramon voltou a treinar após 60 dias. Em janeiro, já participou de uma prova de natação de 3km em mar aberto para testar seu desempenho na água e sua canela. Março já teve outra competição, mas desta vez de triátlon. A arrebentação do mar em um dia de águas revoltas quase foi capaz de parar o atleta, mas sua perseverança sobressaiu e Ramon completou confiante a etapa. E seu último teste em natação antes do grande dia foi em uma represa.

Superação

Finalmente chega o tão sonhado dia. O desafio começa e o atleta está cheio de gás e energia. Havia tido um bom desempenho na natação, apesar de algumas queimaduras de águas-vivas. Mas a exaustiva prova põe em teste seu físico e psicológico durante o ciclismo. “Eu estava no início de uma subida enorme, quase morrendo na última volta, quando um carro parou do meu lado. O motorista percebeu que eu estava sofrendo muito. Ele perguntou que tipo de música eu gostava e eu respondi rock. Ele foi comigo desde lá debaixo até lá em cima me dando apoio e com o som de rock bem alto. Isto fez uma diferença enorme e renovou minhas energias”.

Depois de 14 horas de prova, muitas dores e desgaste, o dever foi cumprido e Ramon completou seu primeiro IronMan. Ao voltar para casa, o atleta ficou um pouco perdido sobre quais caminhos seguir. Porém, ele tinha uma certeza, fazer provas de curta duração e distância não seria mais uma opção no vasto horizonte de possibilidades disponíveis nesse novo momento de sua vida. Foi então que veio a decisão certeira: fazer outro IronMan.

Ainda no universo do esporte, Ramon viu novas possibilidades, uma delas, a grande influência das redes sociais. “Eu tinha meu Instagram pessoal e comecei a compartilhar meus treinos. Obtive muito retorno, pois ali eu mostrava que fazer uma prova dessas não era impossível, bastava dedicar-se. Logo depois disso, eu inaugurei o blog ‘nada, pedala, corre’ e aliei, mais uma vez, as duas coisas que gosto na vida: estratégias de marketing e esporte”, conta.

Novos obstáculos e desafios

Em junho, de 2013, começava então a preparação para o segundo IronMan, em Florianópolis novamente, que trouxe mais contratempos: uma hérnia inguinal e umbilical muito inflamada. Ramon precisou passar por uma cirurgia às pressas, que o deixou novamente três meses longe dos treinos preparatórios, impactando em seu rendimento na segunda participação. “Quando voltei a treinar não conseguia correr nem 5km, fui para a competição correndo 10km com muita dificuldade. Acabei a prova com 15 horas, com muita dor no tornozelo por conta de uma tendinite, que me fez arrastar uma das pernas por 20km da maratona, mas eu disse a mim mesmo que iria concluir”, lembra.

Após seu retorno, o atleta desacelerou um pouco o ritmo e continuou participando de algumas corridas para se preparar para o seu último desafio, a ultramaratona Extremo Sul, em dezembro, de 2016. O percurso desafiador ia da Praia do Casino, Rio Grande do Sul, até o Chuí, na divisa com o Uruguai, que totaliza cerca de 220km. O preparo foi intenso e, mais uma vez, a ajuda da família o auxiliou nessa jornada, porém outro empecilho físico o parou.

Eu fui bem preparado, com porções de comidas adequadas para cada quilometro, pomadas, remédios e tênis extra, minha mochila pesava 10kg. Até que no quilometro 38, por conta de bolhas formadas pela mistura de areia e água, eu rasguei as duas solas dos pés. Fui atendido e recebi pontos, mas 72km depois eles soltaram e os médicos indicaram que eu parasse. Eu estava ótimo física e mentalmente, mas não podia continuar, chorei como criança”, relembra. Depois desta última prova, Ramon decidiu tirar um ano sabático para recuperação física e psicológica, que estavam exaustos. Mantendo o ritmo de exercícios e alimentação regrada, o marqueteiro decidiu dedicar mais tempo à profissão de sua formação, mas ainda arranja tempo para provas de distâncias mais curtas.

Em seus objetivos futuros, Ramon deseja vencer maiores e mais intensos desafios como outro IronMan, corridas no deserto, na neve e ultramaratonas ainda mais extremas. Atualmente, o triatleta cursa educação física para melhorar seus conhecimentos e, quem sabe um dia, ter seu próprio negócio neste ramo. Sua rotina continua agitada e cruzando cidades, pois ele mora em São José dos Campos, trabalha em São Paulo e estuda em Taubaté, sempre com a mesma determinação e foco. Seu blog e Instagram “NadaPedalaCorre” já viraram produtos e seus conhecimentos em estratégia de marketing o auxiliam a alavancar seu nome e seus seguidores. “Muitas coisas estão acontecendo, virá muita coisa boa por aí e eu estou aproveitando essa nova fase, respeitando meus limites e, ao mesmo tempo, me cobrando cada dia mais”, finaliza.

O triatleta e embaixador estará presente na Brasil Cycle Fair que acontece entre os dias 22 a 24 de setembro no São Paulo Expo.

Perfil elaborado por Comunicação Brasil Cycle Fair.

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