Domingo (08/04/18) aconteceu a 24ª Maratona Internacional de São Paulo, uma maratona com percurso duro, mas uma prova que a grande maioria dos corredores querem ter no currículo.
Eu Vera Saporito, só fiz esta prova uma vez para acompanhar uma amiga e desta vez estava nos bastidores auxilando os alunos da assessoria que trabalho, a Quark Sports.
Observar o comportamento dos corredores nos bastidores é muito interessante, mas o que pude constatar é que tem muito corredor despreparado para completar esta prova. O ponto de apoio da assessoria em eu trabalho estava na raia da USP entre o km 21 e o km 32.
Para minha surpresa, já no km 21 haviam pessoas com muita dificuldade de correr, hora com câimbras, dores musculares, abdominais ou mesmo cansaço extremo sendo que havia mais 21 km pela frente!!
Esperamos nossos alunos passarem e migramos para o outro lado da raia (no 32km), o temível paredão do 30km. Isso é real, enfrentei esse paredão na maratona do Rio, a cabeça pira o corpo desliga e a vontade de desistir é grande! Mas essa piração toda já estava acontecendo nos 21, e nos 32 os corredores passavam por mim com uma vontade louca de terminar a prova mas sem energia, sem força, com aquela sensação horrível que a prova não termina nunca. Tentando correr mas a perna não obedece. Me senti solidária pois já passei por isso... ambulância pra lá e pra cá, câimbra denovo, hipotermia, desidratação e o número de corredores diminuindo consideravelmente.
Ai vem meu questionamento: Até quanto confundimos superação com autoflagelação??
Eu faço provas que levam meu corpo a um esforço extremo, ultra maratonas de 80km o que não deixa de ser um autoflagelo, mas antes desta escolha vieram algumas meias maratonas, maratonas e o preparo físico e mental para completar este tipo de prova certo? E ainda trabalhando com risco calculado, porque treinar direito te dá uma margem muito pequena de erro mas somos humanos e logo o corpo pode não responder bem no dia né?!
E se a escolha for desistir não vacile: Para tudo! Frustração é um sentimento que podemos reverter, mas nosso corpo passa por muitas transformações durante uma maratona pelo nível de exigência, e se der tudo muito errado você pode adquirir lesões musculosqueléticas e cardiovasculares para o resto da vida!!!
Terminar uma maratona muito exausto é perfeitamente normal, afinal são 42km. Uma prova que pode ser completada em até 6 horas, não importa o tempo, o pace (isso é muito pessoal). O que nos deixa iguais neste quesito é o sistema fisiológico estar relativamente equilibrado ao final da prova. E isso adquirimos treinando, se testando, se fortalecendo, conhecendo seu corpo, se respeitando. Leve seu corpo ao limite, mas com consciência que ele precisa de um planejamento, respeitando progressão de distância, adaptação física e muscular.
Deu para perceber a diferença entre superação e autoflagelação agora? Superação é passar o pórtico de chegada e sentir-se exausto, com dores, sede mas inteiro!😉👍
Bons treinos!!! 👊
Vera Saporito - @vesaporito